Tratado de Limites
2011

A viagem pela região dos pampas, realizada em fevereiro de 2011, foi o que iniciou o projeto Tratado de Limites. Esta viagem abrangeu a região sul do estado do Rio Grande do Sul  e o norte do Uruguai. Percorrer esta região levou-me a pensar sobre as delimitações geográficas e políticas entre estados e países.

Os pampas criam uma delimitação geográfica própria, determinada por seu bioma específico, fazendo as definições fronteiriças parecerem sem sentido. A continuidade dos campos e paisagem dos pampas remete à uma percepção de diluição de fronteiras, leva a pensar que as fronteiras nem sempre são perceptíveis nem pertinentes, sendo a região antes identificada através de características próprias e não necessariamente através de delimitações políticas de fronteiras.

Os textos “Tratado de Limites entre o Brazil e a República Oriental do Uruguay” e “Extremo Sul do Brasil (Limites do RS)” deram origem e nome ao projeto. Esses textos relatam o processo de delimitação de fronteiras na região sul do Brasil e Uruguai, entre definições políticas e geográficas.

O projeto foi mostrado no MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre), dentro da mostra “Além Fronteiras” da 8ª Bienal do Mercosul, curada por Aracy Amaral (curadora convidada da 8ª Bienal do Mercosul).

 

Fotos da exposição: Fabio del Re | Flávia Quadros | Cristiano Santana


LUGAR: TACUAREMBÓ


Montagem de Lugar: Tacuarembó

Tacuarembó, no Uruguai, é geograficamente, o centro da região dos pampas. Também foi, nas últimas décadas, definida como a capital dos pampas. Para os gaúchos uruguaios, argentinos e do sul do Rio Grande do Sul, esta cidade é uma referência cultural, sendo uma cidade de encontro e convergência de eventos nos pampas: uma capital própria para uma região autônoma, que se mistura em 3 países distintos e, ali, encontra-se uma identidade cultural semelhante a todos.

Tacuarembó é uma cidade (e região) onde há diversos sítios arqueológicos indíginas que estão ainda enterrados – embora já tenham sido mapeados, estes são mantidos sob a terra por questões de segurança e preservação.

O trabalho é baseado em letreiros com os nomes das cidades (situados nas entradas de muitas cidades no interior do Brasil). Letras de concreto, fixadas no chão, com o nome da localidade.

As letras de concreto que escrevem “Tacuarembó” foram enterradas na entrada da cidade, sendo que 1/3 do letreiro fica exposto. Além da instalação na cidade, a fotografia “Lugar:Tacuarembó” é o trabalho em si, entre registro e obra fotográfica autônoma da instalação.


GEOGRAFIA (PAISAGEM COM ONDAS)


Paisagem com Ondas

Música criada a partir da proposta de Marina Camargo para o músico Leonardo Boff de criar uma “paisagem sonora” a partir de gráficos que desenham ondulações nos ângulos de 30º a 40º, simulando o som de vento soprando (a região dos pampas encontram-se entre as latitudes de 30º e 40º).

“Paisagem com ondas” é feito a partir de simulações de som de vento misturado com timbres de gaita e violão (da música “Negro da gaita”, de César Passarinho) e manipulações sonoras.

Uma impressão persistente ao longo da viagem pelos pampas foi a de que as fronteiras que realmente representam uma passagem entre um lugar e outro, onde se percebe de fato que há uma divisão não apenas aleatória entre dois territórios mas intrínsica à geografia do lugar, foram as fronteiras delimitadas por águas, como o rio Uruguai separa o Brasil do Uruguai, e este da Argentina, e o rio Jaguarão delimita as fronteiras do extremo sul do Brasil.

Geografia foi um dos trabalhos pensados a partir do mapa da região sul do mercosul e feito de gelo, delimitando as fronteiras formadas por mares, lagos ou rios. A medida em que o gelo derrete, estes limites também se perdem. Este trabalho é mostrado como fotografia e como video, junto do trabalho sonoro “Paisagem com Ondas”.